quinta-feira, 12 de junho de 2014

Arte, Filosofia e Cultura & Cavernas


Cultura & Filosofia

1- Críticas sobre o filme Os Croods 
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Os Croods e o Mito da Caverna de Platão
A história nos mostra que algumas civilizações contribuíram muito para essa configuração quase perfeita denominada “sociedade”, e entre essas que merecem desfilar pelo tapete vermelho e ganhar um daqueles prêmios conhecidos como Oscar, está a civilização grega. A Grécia nos apresentou o conceito inicial do que hoje conhecemos como democracia, contribuiu com a arte de uma maneira geral, nos fascinou com a mitologia e ainda nos deu de presente a filosofia. Platão, um dos pioneiros nesse exercício de compreensão, traz a tona dilemas sobre a busca da verdade amparando-se na alegoria da caverna.
“O mito da caverna, também conhecido como alegoria da caverna, prisioneiros da caverna ou parábola da caverna, foi escrito pelo filósofo grego Platão e encontra-se na obra intitulada no Livro VII de A República. Trata-se da exemplificação de como podemos nos libertar da condição de escuridão que nos aprisiona através da luz da verdade, onde Platão discute sobre teoria do conhecimento, linguagem e educação na formação do Estado Ideal.” (Fonte: Wikipédia)
A compreensão sobre as ideias de Platão persiste até os dias atuais, e propagam-se maneiras diferentes de se explicar tal parábola. A mais recente trata-se da animação os Croods (The Croods, EUA, 2013).
O filme apresenta uma família que vive na pré-história, e a caverna é o único espaço onde se sentem confortáveis e seguros, isso porque o patriarca da família construiu uma filosofia em que ter medo fará com que a família continue viva. Tudo que se apresenta como novo é compreendido como ruim, perigoso, mau.

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Os Croods | Crítica do filme


Os Croods é a nova animação da Dreamworks que dessa vez aposta nos homens das cavernas para atrair a atenção das crianças. Como o nome mesmo já revela, os Croods é uma típica família moderna, só que aqui com a roupagem selvagem dos homens que lutavam a cada dia tentando sobreviver aos perigos do mundo pré-histórico. O longa  já chama atenção pelo grande elenco de estrelas que emprestam suas vozes para os personagens. Nicolas Cage, Emma Stone, Ryan Reynolds, Catherine Keener, Cloris Leachman, Clark Duke entre outros, são os responsáveis por dar vida à família que irá passar por um momento de descoberta na trama do filme. Apesar de um mote simples de conflito de gerações, os diretores Kirk De Micco e Chris Sanders utilizam de forma interessantíssima o Mito da Caverna de Platão apostando numa linguagem de video clip para montar grande parte das cenas de ação nas quais, com a imersão do 3D, fazem o espectador ser jogado para dentro filme.
Eep (Stone) é uma adolescente que vive junto com seu pai, mãe, irmão, irmã e avó dentro de cavernas  durante um grande período de tempo, afugentada pelo medo dos desconhecidos perigos de seu mundo. Porém, Eep possui um espirito livre e quer ter mais contato com a luz do sol, mas devido o medo que seu pai sempre prega, nunca consegue ficar grandes períodos de tempo fora da escuridão das cavernas. Em uma certa noite, a garota resolve sair durante a noite, pois refletida nas paredes de sua caverna viu o reflexo de uma fogueira na qual, ela desconhecendo tal novidade, imaginou ser uma versão menor do sol. Nisso ela conhece Guy (Reynolds) que revela à garota que o solo estava prestes a se partir e a única forma de se salvarem é seguir em direção às montanhas. A partir desse ponto o filme se torna um roadmovie no qual o personagem de Grug (Cage) – que é o pai da garota – e o Guy, que acaba por se tornando o par romântico dela, vivem em uma disputa entre o velho e o novo, o medo e a coragem, a estagnação e o avanço.
O filme tem um “time” de comédia excelente, com cenas de ações que há muito tempo não via de tão dinamismo em um animado, porém o que acaba deixando seu andamento fragilizado são os pequenos dramas agregados no roteiro forçadamente. Induzir a um final logo que o filme começa e negá-lo ao seu término, para mim foi um pouco decepcionante, pois acreditava que o caminhar da história partiria para uma conclusão mais adulta e ousada que poucos animados até hoje tiveram a audácia de fazer.
Infelizmente não tive a oportunidade de assistir o longa em seu idioma original, porém a dublagem está bem condizente com o design dos personagens.  E por falar em design, o filme ainda possui aqueles elementos fofos voltados para o público infantil, tal como um bicho preguiça que em quase todos os momentos em que aparece consegue tirar altas gargalhadas (não só das crianças). Talvez o excesso desses bichinhos adoráveis tenha sido usado sem pacimonia, porém nada que prejudique o andamento do filme, apenas agrega algumas cenas de humor, que de fato são o ponto alto da animação.
É bem capaz que a Dreamworks, enfim, tenha encontrado um substituto à altura para a máquina de ganhar dinheiro que foi Sherek. Após diversas tentativas, algumas nem tão bem sucedidas como O Gato de Botas, e outras espetaculares, tal Como Treinar Seu Dragão, Os Croods tem pano para ser explorado em diversas continuações. Só torçamos que a qualidade permaneça inalterada.

 Veja o Trailer em:

2- Mito da Caverna de Platão

Mito da Caverna:


Uma reflexão atual


Por Pablo Fabiano Barbosa Carneiro
 
O Mito da Caverna, ou Alegoria da Caverna, foi escrito pelo filósofo Platão e está contido em “A República”, no livro VII. Na alegoria narra-se o diálogo de Sócrates com Glauco e Adimato. É um dos textos mais lidos no mundo filosófico.
Platão utilizou a linguagem mítica para mostrar o quanto os cidadãos estavam presos a certas crendices e superstições. Para lembrar, apresento uma forma reelaborada do mito. A história narra a vida de alguns homens que nasceram e cresceram dentro de uma caverna e ficavam voltados para o fundo dela. Ali contemplavam uma réstia de luz que refletia sombras no fundo da parede. Esse era o seu mundo. Certo dia, um dos habitantes resolveu voltar-se para o lado de fora da caverna e logo ficou cego devido à claridade da luz. E, aos poucos, vislumbrou outro mundo com natureza, cores, “imagens” diferentes do que estava acostumado a “ver”. Voltou para a caverna para narrar o fato aos seus amigos, mas eles não acreditaram nele e revoltados com a “mentira” o mataram.
Com essa alegoria, Platão divide o mundo em duas realidades: a sensível, que se percebe pelos sentidos, e a inteligível (o mundo das ideias). O primeiro é o mundo da imperfeição e o segundo encontraria toda a verdade possível para o homem. Assim o ser humano deveria procurar o mundo da verdade para que consiga atingir o bem maior para sua vida. Em nossos dias, muitas são as cavernas em que nos envolvemos e pensamos ser a realidade absoluta.
Quando aplicada em sala de aula, tal alegoria resulta em boas reflexões. A tendência é a elaboração de reflexões aplicadas a diversas situações do cotidiano, em que o mundo sensível (a caverna) é comparado às situações como o uso de drogas, manipulação dos meios de comunicação e do sistema capitalista, desrespeito aos direitos humanos, à política, etc. Ao materializar e contextualizar o entendimento desse mito é possível debater sobre o resgate de valores como família, amizade, direitos humanos, solidariedade e honestidade, que podem aparecer como reflexões do mundo ideal.
É perfeitamente possível relacionar a filosofia platônica, sobretudo o mito da caverna, com nossa realidade atual. A partir desta leitura, é possível fazer uma reflexão extremamente proveitosa e resgatar valores de extrema importância para a Filosofia. Além disso, ajuda na formulação do senso crítico e é um ótimo exercício de interpretação de texto. A relevância e atualidade do mito não surpreende: muitas informações denunciam a alienação humana, criam realidades paralelas e alheias. Mas até quando alguns escolherão o fundo da caverna? Será que é uma pré-disposição ao engano ou puro comodismo? O Mito da Caverna é um convite permanente à reflexão.

*Pablo Fabiano B. Carneiro é professor de Filosofia e História Geral e do Brasil para Ensino Médio. Coautor do livro “Coisas da Filosofia e Fatos Sociais”, Editora Allprint

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