quinta-feira, 26 de junho de 2014

Exercícios ( Questão Indígena, Eurocentrismo, etc)

Questões

1- Conceitue:
a) Etnocentrismo
b) Eurocentrismo

2- Observe a imagem


"Índia Tapuia" - Albert Eckhout
Pintor holandês (1610-1665)

a) Qual a representação de indígena da imagem?
b) Qual a relação da imagem com a noção de eurocentrismo?

3- Leia a texto:
"Quando se fala de expansão marítima europeia, devemos ter em mente que o interesse comercial era o principal motivo para a conquista de novas rotas marítimas. O próprio termo expansão estava ligado ao fato dos europeus navegarem apenas pelo mar Mediterrâneo e os mares do norte europeu, desconhecendo rotas marítimas nos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico até o século XIV.
Mas o interesse comercial estava em que tipo de mercadorias? Nos mercados europeus, que floresceram durante a Baixa Idade Média, a venda de especiarias e outras mercadorias orientais proporcionava lucros altíssimos aos comerciantes. Tecidos de seda, porcelanas e uma série de condimentos, como cravo, pimenta e canela, utilizados para a conservação dos alimentos, encontravam um grande número de compradores.
Entretanto, o controle do oferecimento destas mercadorias estava nas mãos apenas dos comerciantes italianos - principalmente oriundos das cidades de Gênova e Veneza - e mulçumanos, que mantinham estreitas relações comerciais. Isto ocorria pelo fato do comércio entre o Oriente e a Europa ser realizado predominantemente pelo Mar Mediterrâneo. Devido à localização geográfica das duas cidades italianas,­ eram elas que controlavam o comércio neste mar.
Outro fato ainda contribuiu para a necessidade de se encontrar novas rotas marítimas de acesso aos centros produtores das mercadorias orientais. Com a conquista da cidade de Constantinopla pelos turcos-otomanos, em 1453, os preços das mercadorias se tornaram ainda maiores devido às taxas que passaram a ser cobradas. A nascente classe burguesa, que realizava o comércio na Europa, precisava chegar ao Oriente sem passar pelo Mar Mediterrâneo e Constantinopla.
A solução visualizada era contornar o continente africano para chegar às Índias, nome genérico dado às regiões orientais. Algumas condições existentes na Península Ibérica levaram primeiramente Portugal e, depois, a Espanha a se tornarem pioneiros desta expansão marítima.
Portugal se destacou antes dos demais países por já ter um porto, na cidade de Lisboa, que ligava o comércio entre o Mar Mediterrâneo e o norte europeu. Isto fortaleceu economicamente a burguesia mercantil portuguesa que pôde financiar o projeto expansionista".
a) Apresente 2 potências que se destacaram no processo da expansão marítima comercial.
b) Relacione este contexto histórico com o termo "índio" atribuído ao nativo observado no Brasil em virtude da chegada dos europeus no século XV.

4- Note a tirinha de Quino:
a) Qual o referencial adotado por Mafalda?
b) Apresente a crítica ou o elemento de humor da tirinha.


5- Sobre a imagem:
a) Qual hipótese sobre a origem do ser humano é utilizada para embasar as teorias apresentadas?
b) Explique detalhadamente a teoria mais aceita acerca da chegada do Homem à América.


6- Veja a foto do outdoor:
Sabendo que São Raimundo Nonato tem menos de 50 mil habitantes, explique os motivos da construção do aeroporto. em seguida explique como esta localidade contribuiu para suscitar uma grande discussão ou discórdia teórica sobre o povoamento da América.  

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Estudo de Caso: QUESTÃO INDÍGENA (Parte I - conceituação e origem do nativo da América)

I- Conceito de Indígena
A utilização do vocábulo "índio" na língua portuguesa tem problemas relacionados à origem. Para retomá-los voltemos um pouco na História. Cabe relembrar que na transição da Idade Média à Idade Moderna o Oriente mostrava-se como alternativa às crises que a Europa passava (Peste Negra, Revoltas Camponesas, Guerra dos 100 anos, Grande Fome, etc). Assim, a rota da seda na China e a busca de especiarias na Índia eram corriqueiras entre mercadores europeus. 
Assim sendo, cabe desde já afirmar que dicionários etimológicos europeus retomam a origem do termo "indian" ou "índio" relacionadas ao contato entre o povo da Europa e os moradores Índia. Segundo publicações, relatos de viagens e outros documentos históricos, o europeu denominava* "indian" ou "índio" os habitantes de áreas correspondentes à Índia atual, bem como outras áreas do Oriente.  
Seguindo a análise histórica, salienta-se que a dificuldade de se enquadrar ao modelo feudal (baseado principalmente na agricultura de subsistência) propiciou que algumas partes da Europa se dedicassem ao comércio. Gênova, Florença e- principalmente- Veneza figuraram como expoentes no comércio marítimo no final da Idade Médio. Desta forma, as cidades italianas figuraram como grandes mercadores no eixo ocidente-oriente por meio do Mar Mediterrâneo.
Com o processo de unificação ibérica, expulsão dos mouros e a subida ao poder da Dinastia de Avis espanhóis e portugueses foram ao mar! Entretanto, a concorrência ibérica não agradou os comerciantes que viviam do comércio mediterrânico. Há vários relatos de pirataria ( saques de embarcações e grandes disputas, algumas que incidiram no afundamento de embarcações) no Mediterrâneo. 
Para evitar os riscos e perigos mediterrânicos, portugueses e espanhóis buscaram outra forma de chegar ao Oriente. Os portugueses desenvolveram a proposta do Périplo Africano (visava alcançar o Oriente por meio do contorno do litoral africano) e os espanhóis foram ao mar baseados no projeto da Circunavegação (visto que acreditavam na teoria da esfericidade da Terra, com a ajuda do italiano Colombo desejavam alcançar o Oriente contornando o globo terrestre). Com tais pressupostos espanhóis chegaram à America e portugueses  ao Brasil. 
Os portugueses, com recursos de localização limitados pelas condições tecnológicas do período, chegaram ao Brasil acreditando porém - afirmam as correntes historiográficas mais aceitas- crendo na chegada à Índia. Apesar de algumas cidades indianas terem população considerável, era bem sabido que parte considerável do que conhecemos por Índia (e seus arredores) tinham uma população esparsa e com hábitos culturais distinto daqueles relatados nos cadernos de vários viajantes. Não por acaso os nativos do Brasil ficaram denominados de "índios", isto é, foram denominados de habitantes da Índia. Á guisa de conclusão é mister sublinhar que o termo "índio" é dado erroneamente pelo europeu* ao nativo do Brasil.

* Eurocentrismo
Na construção do conceito de "índio" para o nativo da América ou para os nativos do Oriente vemos uma noção do europeu para o nativo. Na trata-se de uma autodeterminação dativa sobre si. Este modelo de conceituação do mundo a partir da Europa, colocando a visão dos europeus no centro dos processos explicativos, da-se o nome de EUROCENTRISMO. Esta forma de explicar o mundo se desenvolveu a partir dos cronistas do início da Idade Moderna em consequência da expansão marítimo-comercial. Segundo a visão  eurocêntrica, a visão dos nativos é relegada ao plano secundário e, por sua vez, a Europa é tratada como protagonista da História de todo o planeta. Para saber mais veja o texto a seguir:

"Eurocentrismo corresponde a uma expressão que emite a ideia no mundo como um todo de que a Europa e seus elementos culturais são referência no contexto de composição de toda sociedade moderna. 
De acordo com diversos estudiosos e analistas essa perspectiva se mostra como uma doutrina que toma a cultura européia como a pioneira da história, dessa forma se enquadra como uma referência mundial para todas as nações, como se apenas a cultura Européia fosse útil e verdadeira. 

Essa ideologia de centralidade cultural européia ganhou uma proporção tão grande que dentro e fora da Europa existe a visão de que essa representa toda a cultura ocidental no mundo. 

No entanto, esse fechamento cultural é negativo uma vez que não leva em consideração as inúmeras culturas de civilizações que contribuem para a diversidade sociocultural do mundo, principalmente daquelas nações que foram colonizadas pelos europeus a partir do século XV. 

Apesar desse processo recentemente estar recebendo uma série de questionamentos e críticas contrários na própria Europa e em outras sociedades globais, mesmo assim isso continua ocorrendo. Um exemplo mais claro disso é a divisão do planeta Terra em hemisfério ocidental e hemisfério oriental uma vez que o Meridiano principal de mudança de data está localizado em município na periferia de Londres chamado de Greenwich". 
Fonte: http://www.mundoeducacao.com/geografia/eurocentrismo.htm

*Etnocentrismo
Trata-se do conceito antropológico no qual determinada etnia, tribo ou grupo social por considerar-se superior, mais avançado ou "escolhido", utiliza apenas sua ótica nas análises dos fatos e fenômenos cotidianos. Em outras palavra, está relacionado ao fato de colocar seus valores culturais numa patamar diferenciado (como se fosse mais importante que estes são melhores que de outro grupo). 

II- O povoamento da América

"A Pré-história americana, em princípio, foca suas discussões sobre o período em que os primeiros homens pré-históricos ocuparam nosso continente. Esse assunto conta com diferentes pesquisas que indicam datas que variam entre 20 e 35 mil anos atrás. Investigações científicas ainda mais recentes trabalham com um período de 50 mil anos atrás.
Alguns cientistas trabalham com a hipótese de que a América, assim como os continentes africano e asiático, contava com populações próprias ou nativas. No entanto, a tese do autoctonismo não conta com afirmações materiais, pois ainda não foram encontrados fósseis humanos anteriores ao do Homo sapiens sapiens. Com isso, as correntes teóricas que defendem que grupos humanos teriam migrado de outros continentes para a América ganham maior destaque.
A teoria migratória de maior destaque acredita que os primeiros grupos humanos a chegar ao continente contavam com semelhanças físicas próximas das populações mongolóides e pré-mongolóides da Ásia. A chegada desses povos à América aconteceu graças ao congelamento do Estreito de Bering, que separa o continente asiático da porção norte da América. Há cerca de 12 mil anos, o congelamento do Estreito e a baixa no nível das águas do Oceano Glacial Ártico permitiram a migração do homem pré-histórico asiático para a América.
Os defensores dessa tese migratória se embasam nos vestígios pré-históricos encontrados no sítio de Clóvis, localizado no Novo México (EUA). No entanto, essa tese sofre grande questionamento. Uma dessas suspeitas sobre a Teoria do Estreito de Bering aconteceu quando, em 1975, o fóssil de uma mulher foi encontrado na região de Lagoa Santa, situada no estado brasileiro de Minas Gerais. Apelidada de “Luzia”, o antigo fóssil tem uma datação equivalente a dos primeiros povos a ocuparem a América do Norte. Além disso, seus traços são negróides como os das populações do continente africano ou dos aborígines australianos.
Baseado nessa descoberta revolucionária, a comunidade científica trabalha com uma terceira hipótese. De acordo com esses estudos, as populações que ocuparam primeiro o continente vieram de regiões do sul asiático, da Polinésia e da Oceania. Tais grupos humanos teriam se deslocado por meio de navegações feitas em embarcações de pequeno porte. Com o passar do tempo fixaram-se no litoral leste do continente americano e, posteriormente, buscado áreas pelo interior da América.
Sem chegar a um consenso final, as pesquisas arqueológicas e paleontológicas continuam na América. Cada dia, novas descobertas vão ampliando o debate sobre os povos formadores do nosso continente. Dessa forma, muitos vestígios pré-históricos americanos ainda esperam seu encontro com o homem contemporâneo".
Fonte: http://www.brasilescola.com/historia-da-america/ocupacao-continente-americano.htm

III- Síntese das Principais Teorias




Nome das Teorias Segundo os Pesquisadores Nacionais (Em Português)
- Vermelho: Teoria Asiática (Teoria Mais Aceita)

- Verde: Teoria Malaio-Polinésia
- Amarelo: Teoria Australiana


Saiba Mais: Pesquisadora brasileira encontrou vestígios que discordam da teoria mais aceita de ocupação da América.


O primeiro brasileiro

A arqueóloga Niède Guidon faz um balanço das descobertas no Piauí que podem mudar as teorias do surgimento do homem na América

Há 30 anos, a arqueóloga Niède Guidon tenta provar que o homem chegou à América muito antes do que se imaginava. Formada na Universidade de Sorbonne, na França, essa paulista de Jaú se mudou em 1992 para a cidade de São Raimundo Nonato para estudar a vida dos primeiros habitantes do Brasil no hoje famoso Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. A área tem cerca de 600 sítios arqueológicos com paredões repletos de pinturas rupestres e outros vestígios, como ferramentas de pedra lascada, esqueletos e urnas funerárias.
Nos últimos dois anos, a datação de pinturas rupestres no parque com cerca de 35 mil anos e de dentes humanos de 15 mil anos atrás promete sacudir o estudo da chegada no homem à América. A teoria mais aceita sobre o povoamento do continente diz que o homem veio pelo estreito de Behring, entre a Rússia e o Alasca, por volta de 13 mil anos atrás. Apesar de a equipe da arqueóloga já ter encontrado, há mais de uma década, restos de uma fogueira de 48 mil anos, a descoberta foi encarada com ceticismo por outros pesquisadores, que diziam que a fogueira poderia ter surgido de uma combustão espontânea. “A idéia de que o homem veio para a América há 13 mil anos é da década de 50”, diz Niède. “De lá para cá, as novas descobertas têm mostrado que ele já estava aqui há muito mais tempo.”
Como as descobertas no Parque Nacional da Serra da Capivara estão abalando as teorias vigentes sobre o povoamento da América?
Um dos achados importantes foi a descoberta de uma pintura que estava coberta por uma camada de calcita. Essa calcita foi retirada pelo professor Shigueo Watanabe (do Instituto de Física da USP, em São Paulo), que a datou em 35 mil anos. Portanto, as figuras têm, no mínimo, essa idade. Encontramos também dentes humanos datados em 15 mil anos.
Esses achados vão contra a teoria mais aceita, de que o homem chegou à América há cerca de 13 mil anos...
O que as pessoas chamam de teoria vigente sobre a presença do homem na América é uma tese dos anos 50. De lá para cá, surgiram novas descobertas aqui, no México, no Chile e em outros lugares do continente. As pesquisas desenvolvidas na serra da Capivara estão dentro de um novo contexto. Os dentes que achamos são os restos humanos mais antigos já encontrados na América. Sei da importância desse achado. Mas vejo com naturalidade, porque está dentro de um processo e é resultado de um trabalho de muitos anos, que ainda deve render muitas outras descobertas importantes.
Como o homem teria chegado à América? As descobertas no parque ajudam a desvendar esse segredo?
Estamos fazendo análise do DNA dos esqueletos encontrados na região. Esse trabalho está em processo na Universidade de Michigan, nos EUA. Comparando-se esse DNA com o encontrado em restos humanos de outras partes do continente, poderemos estabelecer uma teoria. Minha hipótese é a de que houve várias entradas, por diversos caminhos, inclusive por mar. E em várias épocas diferentes. O homem saiu da África e se espalhou pelo mundo. É um absurdo achar que o continente foi povoado somente pelo estreito de Behring. Outro indício forte de que houve vários caminhos e levas migratórias é a grande variedade lingüística encontrada entre os povos indígenas da América.
Como o trabalho em arqueologia no Brasil é visto por pesquisadores de outros países, já que temos pouca tradição na área?
Não concordo com isso. Temos, sim, uma tradição. Até mesmo porque instituições de todo o mundo nos procuram para firmar acordos de pesquisa. Em 2003 devemos receber pesquisadores ingleses, franceses e de outras nacionalidades, em convênio com universidades brasileiras, como a Federal de Pernambuco.
Por que então esses achados, apesar de importantes, não tiveram repercussão?
A publicação do resultado obtido pelo professor Shigueo Watanabe sobre as pinturas de 35 mil anos foi feita no ano passado, na revista Journal of Archaeological Science, e começa a repercutir – tenho recebido várias consultas sobre o assunto. A datação dos dentes foi publicada em português. Infelizmente, nossos colegas norte-americanos não lêem as publicações em português nem em francês. E a maioria dos nossos trabalhos é publicada nessas línguas. No final do ano conseguimos publicar em inglês a monografia sobre os achados no Boqueirão da Pedra Furada, o que nos deu muito trabalho, com alto custo financeiro. Em 2002, tivemos quatro artigos publicados em revistas internacionais de língua inglesa. E agora houve uma proposta para que façamos uma síntese dos 30 anos de pesquisa no Parque Nacional, que deve ser publicada numa revista norte-americana, provavelmente a American Antiguity.
As novas descobertas foram datadas pelos métodos tradicionais ou houve algum avanço nessa área?
O professor Shigueo Watanabe datou a calcita com uma metodologia nova chamada Electronic Spin Resonance, um método físico que eu não conheço muito profundamente. O resultado dos dentes foi obtido pelo método do carbono 14, mas com uma máquina especial chamada AMS (Accelerator Mass Spectrometry, ou espectrometria de massa por acelerador), que permite a datação mesmo de pequenas quantidades de carvão.
Quais são as pesquisas mais promissoras feitas hoje na área do parque?
No final de novembro, foi descoberto um sítio promissor que me deixou empolgada. Fica em um local elevado, junto ao que foi um dia uma cachoeira. As rochas do local eram ótimas para serem lascadas. Provavelmente, os homens usavam o local para fabricar os instrumentos e os levavam depois consigo. Acho que poderemos estabelecer semelhanças entre as técnicas usadas ali com as que eram aplicadas em alguns pontos da Europa há 30 mil anos, assim como já podemos comparar pinturas rupestres do parque com outras muito antigas, de outras partes do mundo. Estamos escavando também uma área chamada Serrote, onde achamos sete esqueletos, um número extremamente importante no Brasil, já que é pequeno o número de esqueletos encontrados por aqui. Na Serra Branca (região remota do parque, fechada à visitação), terminamos uma escavação que encontrou uma rocha a 10,3 metros de profundidade, que também deve nos dar preciosas informações sobre as mudanças do clima e do relevo da região.
Niède Guidon
• Tem 69 anos, fez carreira na França e desde 1992 mora em São Raimundo Nonato (PI).
• Comanda a Fundação Museu do Homem Americano, que em parceria com o Ibama, administra o Parque Nacional da Serra da Capivara.
• Gosta de caminhar sozinha por trilhas em meio à caatinga. Já topou com duas onças nessas incursões.
"O homem não chegou à América apenas por uma região. É absurdo achar que o continente todo foi povoado a partir do Alasca"
Fonte: http://super.abril.com.br/ciencia/primeiro-brasileiro-443602.shtml 








SÍNTESE POR TÓPICOS


Estudo de Caso: QUESTÃO INDÍGENA  (Parte I) 

I- Etnocentrismo e eurocentrismo
Etnocentrismo
Trata-se do conceito antropológico no qual determinada etnia, tribo ou grupo social por considerar-se superior, mais avançado ou "escolhido", utiliza apenas sua ótica nas análises dos fatos e fenômenos cotidianos. Em outras palavra, está relacionado ao fato de colocar seus valores culturais numa patamar diferenciado (como se fosse mais importante que estes são melhores que de outro grupo)


Eurocentrismo
"Eurocentrismo corresponde a uma expressão que emite a idéia no mundo como um todo de que a Europa e seus elementos culturais são referência no contexto de composição de toda sociedade moderna. 
De acordo com diversos estudiosos e analistas essa perspectiva se mostra como uma doutrina que toma a cultura européia como a pioneira da história, dessa forma se enquadra como uma referência mundial para todas as nações, como se apenas a cultura Européia fosse útil e verdadeira". 
Fonte: http://www.mundoeducacao.com/geografia/eurocentrismo.htm


II- Conceito de Indígena
- Contexto Histórico: Expansão marítimo-comercial 
- O interesse no Oriente e a Índia
- O monopólio italiano no Mediterrâneo
- A busca por rotas alternativas e a chegada à América
- Índio = erro conceitual (originário) + visão eurocêntrica
Caminho dos Europeus em busca de produtos
Mapa-Mundi (continentes)


II- O povoamento da América
- Pressupostos científicos
- Teorias:



III- Niède Guidon e suas pesquisas
Achados em São Raimundo Nonato (PI):
- Pinturas Rupestres
- Material Lítico
- RESTO DE COMBUSTÃO ORGANIZADA (Datação 45- 50 mil a.a.)









quinta-feira, 12 de junho de 2014

Arte, Filosofia e Cultura & Cavernas


Cultura & Filosofia

1- Críticas sobre o filme Os Croods 
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Os Croods e o Mito da Caverna de Platão
A história nos mostra que algumas civilizações contribuíram muito para essa configuração quase perfeita denominada “sociedade”, e entre essas que merecem desfilar pelo tapete vermelho e ganhar um daqueles prêmios conhecidos como Oscar, está a civilização grega. A Grécia nos apresentou o conceito inicial do que hoje conhecemos como democracia, contribuiu com a arte de uma maneira geral, nos fascinou com a mitologia e ainda nos deu de presente a filosofia. Platão, um dos pioneiros nesse exercício de compreensão, traz a tona dilemas sobre a busca da verdade amparando-se na alegoria da caverna.
“O mito da caverna, também conhecido como alegoria da caverna, prisioneiros da caverna ou parábola da caverna, foi escrito pelo filósofo grego Platão e encontra-se na obra intitulada no Livro VII de A República. Trata-se da exemplificação de como podemos nos libertar da condição de escuridão que nos aprisiona através da luz da verdade, onde Platão discute sobre teoria do conhecimento, linguagem e educação na formação do Estado Ideal.” (Fonte: Wikipédia)
A compreensão sobre as ideias de Platão persiste até os dias atuais, e propagam-se maneiras diferentes de se explicar tal parábola. A mais recente trata-se da animação os Croods (The Croods, EUA, 2013).
O filme apresenta uma família que vive na pré-história, e a caverna é o único espaço onde se sentem confortáveis e seguros, isso porque o patriarca da família construiu uma filosofia em que ter medo fará com que a família continue viva. Tudo que se apresenta como novo é compreendido como ruim, perigoso, mau.

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Os Croods | Crítica do filme


Os Croods é a nova animação da Dreamworks que dessa vez aposta nos homens das cavernas para atrair a atenção das crianças. Como o nome mesmo já revela, os Croods é uma típica família moderna, só que aqui com a roupagem selvagem dos homens que lutavam a cada dia tentando sobreviver aos perigos do mundo pré-histórico. O longa  já chama atenção pelo grande elenco de estrelas que emprestam suas vozes para os personagens. Nicolas Cage, Emma Stone, Ryan Reynolds, Catherine Keener, Cloris Leachman, Clark Duke entre outros, são os responsáveis por dar vida à família que irá passar por um momento de descoberta na trama do filme. Apesar de um mote simples de conflito de gerações, os diretores Kirk De Micco e Chris Sanders utilizam de forma interessantíssima o Mito da Caverna de Platão apostando numa linguagem de video clip para montar grande parte das cenas de ação nas quais, com a imersão do 3D, fazem o espectador ser jogado para dentro filme.
Eep (Stone) é uma adolescente que vive junto com seu pai, mãe, irmão, irmã e avó dentro de cavernas  durante um grande período de tempo, afugentada pelo medo dos desconhecidos perigos de seu mundo. Porém, Eep possui um espirito livre e quer ter mais contato com a luz do sol, mas devido o medo que seu pai sempre prega, nunca consegue ficar grandes períodos de tempo fora da escuridão das cavernas. Em uma certa noite, a garota resolve sair durante a noite, pois refletida nas paredes de sua caverna viu o reflexo de uma fogueira na qual, ela desconhecendo tal novidade, imaginou ser uma versão menor do sol. Nisso ela conhece Guy (Reynolds) que revela à garota que o solo estava prestes a se partir e a única forma de se salvarem é seguir em direção às montanhas. A partir desse ponto o filme se torna um roadmovie no qual o personagem de Grug (Cage) – que é o pai da garota – e o Guy, que acaba por se tornando o par romântico dela, vivem em uma disputa entre o velho e o novo, o medo e a coragem, a estagnação e o avanço.
O filme tem um “time” de comédia excelente, com cenas de ações que há muito tempo não via de tão dinamismo em um animado, porém o que acaba deixando seu andamento fragilizado são os pequenos dramas agregados no roteiro forçadamente. Induzir a um final logo que o filme começa e negá-lo ao seu término, para mim foi um pouco decepcionante, pois acreditava que o caminhar da história partiria para uma conclusão mais adulta e ousada que poucos animados até hoje tiveram a audácia de fazer.
Infelizmente não tive a oportunidade de assistir o longa em seu idioma original, porém a dublagem está bem condizente com o design dos personagens.  E por falar em design, o filme ainda possui aqueles elementos fofos voltados para o público infantil, tal como um bicho preguiça que em quase todos os momentos em que aparece consegue tirar altas gargalhadas (não só das crianças). Talvez o excesso desses bichinhos adoráveis tenha sido usado sem pacimonia, porém nada que prejudique o andamento do filme, apenas agrega algumas cenas de humor, que de fato são o ponto alto da animação.
É bem capaz que a Dreamworks, enfim, tenha encontrado um substituto à altura para a máquina de ganhar dinheiro que foi Sherek. Após diversas tentativas, algumas nem tão bem sucedidas como O Gato de Botas, e outras espetaculares, tal Como Treinar Seu Dragão, Os Croods tem pano para ser explorado em diversas continuações. Só torçamos que a qualidade permaneça inalterada.

 Veja o Trailer em:

2- Mito da Caverna de Platão

Mito da Caverna:


Uma reflexão atual


Por Pablo Fabiano Barbosa Carneiro
 
O Mito da Caverna, ou Alegoria da Caverna, foi escrito pelo filósofo Platão e está contido em “A República”, no livro VII. Na alegoria narra-se o diálogo de Sócrates com Glauco e Adimato. É um dos textos mais lidos no mundo filosófico.
Platão utilizou a linguagem mítica para mostrar o quanto os cidadãos estavam presos a certas crendices e superstições. Para lembrar, apresento uma forma reelaborada do mito. A história narra a vida de alguns homens que nasceram e cresceram dentro de uma caverna e ficavam voltados para o fundo dela. Ali contemplavam uma réstia de luz que refletia sombras no fundo da parede. Esse era o seu mundo. Certo dia, um dos habitantes resolveu voltar-se para o lado de fora da caverna e logo ficou cego devido à claridade da luz. E, aos poucos, vislumbrou outro mundo com natureza, cores, “imagens” diferentes do que estava acostumado a “ver”. Voltou para a caverna para narrar o fato aos seus amigos, mas eles não acreditaram nele e revoltados com a “mentira” o mataram.
Com essa alegoria, Platão divide o mundo em duas realidades: a sensível, que se percebe pelos sentidos, e a inteligível (o mundo das ideias). O primeiro é o mundo da imperfeição e o segundo encontraria toda a verdade possível para o homem. Assim o ser humano deveria procurar o mundo da verdade para que consiga atingir o bem maior para sua vida. Em nossos dias, muitas são as cavernas em que nos envolvemos e pensamos ser a realidade absoluta.
Quando aplicada em sala de aula, tal alegoria resulta em boas reflexões. A tendência é a elaboração de reflexões aplicadas a diversas situações do cotidiano, em que o mundo sensível (a caverna) é comparado às situações como o uso de drogas, manipulação dos meios de comunicação e do sistema capitalista, desrespeito aos direitos humanos, à política, etc. Ao materializar e contextualizar o entendimento desse mito é possível debater sobre o resgate de valores como família, amizade, direitos humanos, solidariedade e honestidade, que podem aparecer como reflexões do mundo ideal.
É perfeitamente possível relacionar a filosofia platônica, sobretudo o mito da caverna, com nossa realidade atual. A partir desta leitura, é possível fazer uma reflexão extremamente proveitosa e resgatar valores de extrema importância para a Filosofia. Além disso, ajuda na formulação do senso crítico e é um ótimo exercício de interpretação de texto. A relevância e atualidade do mito não surpreende: muitas informações denunciam a alienação humana, criam realidades paralelas e alheias. Mas até quando alguns escolherão o fundo da caverna? Será que é uma pré-disposição ao engano ou puro comodismo? O Mito da Caverna é um convite permanente à reflexão.

*Pablo Fabiano B. Carneiro é professor de Filosofia e História Geral e do Brasil para Ensino Médio. Coautor do livro “Coisas da Filosofia e Fatos Sociais”, Editora Allprint

ver vídeo em:

Vídeos sobre a Palestra: CAVERNAS

1- RECONSTITUINDO A VIDA NA ÉPOCA DOS HOMENS DA CAVERNA
Produzida pelo Discovery Channel
Parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=MOwkhKy_WC4
Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=TyHDl7p69U4

2- ARTE NAS CAVERNAS
Pintura Rupestre: Edição da Educopédia
http://www.youtube.com/watch?v=NaOb0D6PtFE

3- MITO DA CAVERNA - PLATÃO
http://www.youtube.com/watch?v=Rft3s0bGi78


4- DIVERSÃO

A) Curta metragem de cerca de 5 minutos

"o que o homem das cavernas faria se encontrase uma tv"

Link:


B)Curta metragem de 2 minutos
"Música na Caverna" 
Link:


C) NÃO PERCA!!!!
Curta brasileiro de 2008, que foi premiado internacionalmente, possibilitará a reflexão sobre o mundo contemporâneo... 8 minutos de reflexão e diversão!!!
"A Ilha"
Link:





quarta-feira, 11 de junho de 2014

Artigos Relacionados com a Palestra: CAVERNAS


17/09/2012 - 07h00
O que aprender para encarar os novos tempos
Alfabetizados e socializados online, os jovens que cresceram com a internet (ou melhor, na internet) veem o mundo em completa transformação.
Eles não "surfam" na rede, a web para eles não é um "espaço virtual", nem mesmo é externa à realidade. Invisível e constante, ela é complementar ao mundo físico. Mais do que uma tecnologia, ela é uma linguagem. Novos aparelhos aparecem e desaparecem, a Internet persiste.
Ela, que já esteve restrita a mainframes e browsers, hoje começa a deixar os celulares e invadir eletrodomésticos e roupas.
Esse contexto interativo e conectado estimula um novo modo de pensar. Entre os mais jovens a informação é viva, maleável, distribuída em vários lugares, cada um com diferentes níveis de credibilidade. Como em um jogo, a resposta à cada pergunta é conquistada à base de interesse, tempo e esforço. Cabe a cada um filtrar o que encontra e tirar suas próprias conclusões. E elas não são definitivas, podem ser mudadas quando surgirem respostas melhores ou mais convenientes.
Quando comparada com aquela verdade monolítica, dogmática, perene e universal com que se convivia até o fim do século passado, a evolução é clara. A prova de seu sucesso está no volume de pesquisas e no interesse pela educação continuada.
Em nenhuma época da história foram feitas tantas perguntas quanto as que se faz a cada minuto no Google. Nenhuma enciclopédia foi mais folheada do que a Wikipédia. Não há biblioteca tão consultada quanto o volume de informação que trafega livremente hoje. Por mais que ainda se desperdice muito tempo na rede, não tardará para que descuidar do conhecimento seja tão mal-visto quanto descuidar da vestimenta ou da saúde.
Mas o que se deve aprender quando não há ideia vem por aí? Não sou pedagogo nem psicólogo, mas com base nas transformações que acompanho nas últimas três décadas, fiz uma lista de sugestões por idade.
Para começar, os pais. Eles precisam deixar de lado a ansiedade e compreender que seus filhos crescerão e serão moldados em um contexto desconhecido e imprevisível, bem diferente do que sustentou a sociedade do passado. Algo que "sempre foi feito assim" não é mais necessariamente válido. A melhor época para descobrir novas hipóteses é aquela passada em família que, em princípio, tem por seus rebentos grande amor, compreensão e tolerância.
Crianças com mais de cinco anos de idade precisam ser estimuladas a perguntar, a questionar como o filósofo Sócrates propôs. Talvez por medo de subversão em um mundo corporativo e competitivo, é surpreendente a quantidade de adultos que desencorajam o questionamento, limitando a criatividade daqueles que mais tarde precisarão inovar.
Adolescentes por volta dos 15 anos precisam experimentar. Esta é a melhor época para ser desfocado, errar muitas vezes, ter o máximo de contato possível com o que há de mais variado.
O desafio, bem sabem os videogames, estimula o raciocínio. Mas há outros jogos, tão ou mais interessantes do que os jogados em um PlayStation ou XBox. Linguagens de programação, eletrônica, biologia, economia e outras áreas de conhecimento podem, se bem apresentadas, gerar fascínio.
De todos os projetos o mais importante é escolher o que estudar dali para a frente. A educação superior precisa ser um enorme debate, não um conjunto de reuniões passivas, em que se aprende a escutar, aceitar e trapacear, usando o smartphone para matar o tédio. É nessa idade que eles precisam descobrir se a vocação que tem é verdadeiramente deles ou se está para satisfazer os outros.
Recém-formados, jovens de 25 anos tem as últimas novidades e são incansáveis. Suas ideias, apesar de ainda cruas, são ótimas. Essa geração não tem mais a resignação humilde com que seus pais tratavam o trabalho como uma religião, em que problemas administrativos eram de importância fundamental e que o desemprego era uma forma de ostracismo, uma excomunhão.
Mas chefes, professores e pais, em um misto de insegurança e superproteção, os desencorajam. Talvez por isso esteja nessa faixa etária o maior conflito de gerações.
Acima dos 35 anos parece difícil aprender, mas é a época mais fácil. Muitas indústrias levarão um bom tempo para serem completamente transformadas, é uma boa época para se especializar. Se você ainda não está a par das particularidades de segmentos como Comércio Eletrônico e Computação em Nuvem é uma boa época para analisar esses segmentos que tendem a mudar bastante sua carreira, ainda longa, pela frente.
Depois dos 45 é preciso aprender a administrar recursos cada vez mais escassos, equipes remotas, logística e conflitos de todos os tipos. As ferramentas de análise de métricas criam bases de dados cada vez mais detalhadas, mas quem procura boas respostas precisa saber fazer perguntas relevantes.
Com mais de 55 anos há maturidade para analisar seu conhecimento e sistematizar sua produção. Criar blogs, escrever análises, produzir e-books e podcasts é uma boa forma de manter o conhecimento reciclado, ao mesmo tempo que ajuda a debater sua experiência com novas gerações. É também uma boa época para participar de Fóruns e associações diversas, como redes de especialistas e grupos dedicados. Um bom ponto de partida pode estar na análise de quanto mudou a profissão desde a sua formação universitária.
Acima dos 65 é uma boa época para se dedicar a compreender melhor a Arte e a Filosofia (não que sejam desimportantes em outras épocasl). Não se preocupe com os filósofos recentes, que ainda se debatem tentando negar ou rotular o que acontece. Leia Nietzsche, que provavelmente se divertiria com a Internet. Pitágoras, Aristóteles e Epicuro são de uma época parecida com a nossa. Picasso e Duchamp também. Lembre-se de contribuir, sempre que possível, para a Wikipédia.
Depois dos 75, que eu espero ser a meia-idade do Futuro próximo, há muita diversão. A Fotografia, cada vez mais popular, é uma boa forma de manter o cérebro ativo e dinâmico. A partir dessa idade, e videogames estão liberados.

Luli Radfahreré professor-doutor de Comunicação Digital da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP há 19 anos. Trabalha com internet desde 1994 e já foi diretor de algumas das maiores agências de publicidade do país. Hoje é consultor em inovação digital, com clientes no Brasil, EUA, Europa e Oriente Médio. Autor do livro "Enciclopédia da Nuvem", em que analisa 550 ferramentas e serviços digitais para empresas. Mantém o blog www.luli.com.br, em que discute e analisa as principais tendências da tecnologia. Escreve a cada duas semanas na versão impressa de "Tec" e no site da Folha.

 Fonte:



Artigos da Rosely Sayão: psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia-a-dia dessa relação. Escreve às terças na versão impressa da Folha, na coluna "Equilíbrio".



06/04/2013 - 03h30
Sofrimentos inevitáveis
Costumo ouvir que os pais da atualidade querem poupar seus filhos de sofrimento. Por isso, sentem uma enorme dificuldade para dizer "não" a eles, para permitir que enfrentem as suas frustrações e para deixar que atravessem as situações difíceis que a vida lhes apresenta.
À primeira vista, esse discurso soa como uma verdade, não é mesmo? Afinal, temos visto crianças e adolescentes agirem sem se importar com as normas sociais porque eles se sentem protegidos pelos pais em todas as circunstâncias.
Entretanto, podemos pensar um pouco além dessa linha para tentar compreender melhor o relacionamento atual entre pais e filhos no que diz respeito à chamada "felicidade" das crianças.
Na realidade, pode ser que os pais façam mesmo de tudo para que os filhos não sofram. Mas é preciso considerar que, em geral, eles desejam proteger seus filhos apenas de determinadas experiências dolorosas --não de qualquer uma.
Os pais não querem, por exemplo, que os filhos se sintam excluídos de qualquer situação, de qualquer grupo e de qualquer atividade.
É em nome do desejo adulto de eliminar esse tipo de sofrimento que as crianças fazem as mesmas atividades que os colegas em seus dias de lazer, ganham os mesmos jogos e todo tipo de traquitana tecnológica, frequentam os mesmos lugares, usam roupas e calçados parecidos (quando não são iguais) e vão a mil festas de aniversários, muitas vezes de crianças que nem são amigas próximas.
Os pais também não querem, de maneira alguma, que seus filhos sofram por causa da escola. É por isso que vira e mexe eles vão falar com coordenadores, professores e diretores, reclamam de alguns profissionais, colocam os seus filhos em aulas particulares, fazem a lição de casa com eles --ou no lugar deles-- e estão sempre prontos para defender suas crianças e seus adolescentes de qualquer sanção que tenha sido aplicada pela escola.
E é assim, entre tentativas de evitar um e outro tipo de sofrimento, que os pais vivem a ilusão de construir para seus filhos um mundo que só pode existir em outra dimensão: um mundo onde ninguém os rejeitará, onde não serão excluídos de nada e onde participarão de todos os grupos pelo simples fato de consumirem as mesmas coisas que a maioria.
Doce e amarga ilusão...
Porém, há alguns sofrimentos que os pais da atualidade não evitam que seus filhos experimentem. Ao esconder de crianças e jovens verdades da vida que os envolvem, esses pais fazem com que os filhos sofram se debatendo entre mentiras ou silêncios. Quando o tema é doença ou morte na família, por exemplo, isso acontece bastante.
O que os pais talvez não saibam é que, ao tentarem evitar que os filhos sofram a dor da perda, eles acabam provocando nos mais novos um sofrimento ainda maior que é a dor de não saber, de não entender, de não conseguir simbolizar a angústia que sentem.
Outra dor que os pais provocam e à qual não dão muita importância é a dor do abandono. Buscar o filho na escola bem depois do término da aula; deixar o filho sem parâmetros; permitir que a criança atue como se já fosse responsável por sua vida e colocar em suas mãos escolhas que deveriam ser de adultos são alguns exemplos de atitudes que fazem crianças e adolescentes se sentirem abandonados pelos pais.
E isso dói neles.
Uma garota de nove anos disse uma frase reveladora sobre essa sensação de abandono à sua amiga, que estava triste e constrangida por ter sido impedida pelos pais de acompanhá-la em um passeio: "Não chore por causa disso, não. Eu adoraria que os meus pais se importassem assim comigo".
Os filhos são supostamente protegidos de sofrimentos muitas vezes inevitáveis e, ao mesmo tempo, são colocados em situações nas quais experimentam sofrimentos inúteis. Qual será o resultado desse tipo de equação?


02/04/2013 - 03h30

Medo que dá medo

Muitas mães estão com medo de que os seus filhos sintam medo. Pedem para a escola não contar determinadas histórias e para trocar a indicação do livro que o filho deve ler. Elas também não deixam que as crianças assistam a filmes que, seja qual for o motivo, provoquem medo. Basta que o filme veicule uma ideia: nem precisa conter cenas aterrorizantes.
Essa reação dos pais leva a crer que o medo é necessariamente provocado por um motivo externo à criança e que é uma emoção negativa que os pequenos não devem experimentar. Vamos pensar a esse respeito.
Primeiramente, vamos lembrar que toda criança pequena sentirá medo de algo em algum momento de sua vida. Medo do escuro, medo de perder a mãe e medo de monstro são alguns exemplos. E esses medos não serão originados necessariamente por causa de uma história, de uma situação experimentada ou de um mito. Esses elementos servirão apenas de isca para que o medo surja.
Tomemos como exemplo o medo do escuro. De fato, é na imaginação da criança que reside o que nela lhe dá medo; o escuro apenas oferece campo para que essas imagens de sua imaginação ganhem formato, concretude.
É que, no escuro e em suas sombras, a criança pode "ver" monstros se movimentando e até "ouvir" os rugidos ameaçadores dessas figuras. No ambiente iluminado, tudo volta a ser a realidade conhecida porque a imaginação deixa de ter seu pano de fundo. Os rugidos dos monstros voltam a ser os sons naturais do ambiente. E as monstruosas imagens são diluídas pela claridade.
E por que é bom a criança experimentar o medo desde cedo? Porque essa é uma emoção que pode surgir em qualquer momento da sua vida e é melhor ela aprender a reconhecê-la logo na infância para, assim, começar a desenvolver mecanismos pessoais de reação.
A criança precisa reconhecer, por exemplo, o medo que protege, ou seja, aquele que a ajudará a se desviar de situações de risco. Paralelamente, precisa reconhecer o medo exagerado que a congela, aquele que impede o movimento da vida e que exige superação.
É experimentando os mais variados medos que a criança vai perceber e aprender que alguns medos precisam ser respeitados pelo aviso de perigo que dão, enquanto outros medos exigem uma estratégia de enfrentamento que se consegue com coragem.
A coragem, portanto, nasce do medo. E quem não quer que o seu filho desenvolva tal virtude?
Por fim, é bom lembrar que, muitas vezes, a criança procura sentir medo por gostar de viver uma situação que, apesar de difícil, ela pode superar. Cito como exemplo um mito urbano que provoca medo em muitas crianças na escola: "a loira do banheiro". Para quem não a conhece, é a imagem de uma mulher que assusta as crianças quando elas vão ao banheiro.
Uma escola decidiu acabar com esse mito. Por meio de várias estratégias conseguiu convencer os alunos de que isso não existia. Alguns meses depois, as crianças construíram outro mito para que pudessem sentir o mesmo medo que experimentavam quando se viam perseguidos pela "loira do banheiro".
E quantas crianças não choram de medo depois de ouvir uma história e, no dia seguinte, pedem aos pais que a contem novamente?
Conclusão: o que pode atrapalhar a criança não é o medo que ela sente, e sim o medo que os pais sentem de que ela sinta medo. Isso porque a criança pode entender que os pais a consideram desprovida de recursos para enfrentar os medos que a vida lhe apresenta.
Fonte
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/1255390-medo-que-da-medo.shtml

16/10/2012 - 03h30
Medo de crescer
A mãe de um garoto de sete anos está preocupada porque, nos últimos meses, ele anda medroso. Tem medo do escuro, de monstros, de andar sozinho pela casa. Nem mesmo ao banheiro ele consegue ir sozinho.
Ela achava que os "medos bobos", como os chama, não teriam mais força com a chegada dos sete anos.
Já outra mãe, cuja filha tem a mesma idade do garoto acima citado, anda é muito irritada com a menina. "Parece adolescente!", diz ela. Desobedece, faz birras sem o menor sentido, só quer fazer o que quer e na hora que quer, anda respondona e chegou, inclusive, a xingar a mãe com um palavrão. A mãe diz que sabe que a filha desconhece o sentido do que falou, mas, mesmo assim, ficou muito brava com a atitude dela.
Os desabafos dessas mães podem nos servir de guia para uma conversa a respeito dessa idade: os sete anos, um pouco menos ou um pouco mais, de acordo com cada criança.
Nos primeiros anos de vida da criança, ela tem uma grande dependência dos pais ou de seus substitutos.
Vamos tomar como exemplo a relação da criança pequena com sua mãe. É um apego enorme e recíproco, não é mesmo?
Isso porque o vínculo criado entre ambas é o responsável pelo desenvolvimento da criança, por sua segurança, por sua identidade etc.
Ou seja, é essa relação que, mesmo à distância, permite à criança explorar o mundo, se conhecer e se reconhecer como participante de um grupo, que é a sua família.
Nesse período, os pais representam para a criança sua proteção, sua defesa, sua garantia de que ela pode viver e experimentar o que quiser. Ficar longe dos pais apenas é possível se a criança sente que quem a recebe conta com a confiança deles.
A partir dos seis anos, mais ou menos, a criança começa a perceber, pelo andamento da vida, que vai começar a crescer. E, mesmo que intuitivamente, pressente que crescer significará se afastar de sua mãe, de seus pais.
Isso pode provocar sentimentos contraditórios: entusiasmo e --por que não?-- medo, revolta.
Entusiasmo porque crescer significa ganhar autonomia, mais vida. Medo porque isso significa perder a proteção, a defesa, a garantia de que tudo ficará bem.
É por isso que muitos pais enfrentam momentos de crise com seus filhos dessa faixa de idade. Tudo o que essas crianças precisam é sentir que seus pais continuarão ali, ao seu lado.
Não são medos bobos o que as crianças dessa idade sentem. Esses temores podem ser traduzidos em um dos que o garoto do primeiro exemplo expressa ao pé da letra: medo de ficar sozinho, ou seja, sem seus pais.
A rebeldia, por outro lado, não tem nada de adolescente. É braveza: a criança sabe que os pais se afastarão dela para que ela comece a andar com as próprias pernas.
Toda mãe lembra dos primeiros passos dos seus filhos: hesitantes, desequilibrados, sem harmonia. E assim será também agora, com os primeiros passos de outra ordem.
É preciso que os pais sinalizem aos filhos que eles continuam por ali, estimulando esses passos. Os primeiros podem ser acompanhados, apoiados, apenas para oferecer tranquilidade para que, em seguida, os filhos possam continuar sozinhos.
O que não vale é ampará-los antes que caiam ou impedir que caminhem. Não foi assim com os primeiros passos reais, não deve ser assim com essa nova fase. E sempre é bom lembrar: crescer dói, mas é preciso.
 Fonte: